Saudade de viver: qual a primeira coisa a se fazer depois da quarentena?

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Tá com saudade, né minha filha, meu filho? Saudade de um “bora ali comer um acarajé em Dinha”. Saudade  de um “tchibum” no Porto da Barra. Saudade do Pelourinho! E o Santo Antônio Além do Carmo? Melhor nem lembrar, né?

Saudade da Ilha de Maré e de poder ser quem se é! Saudade do Ba e do Vi, saudade de tomar uma até a d’jair. Saudade do showzinho no pôr do sol, saudade de Itapuã e seu Farol! Saudade da Ribeira, da Pedra Furada e do Solar do Unhão. Muita saudade, né irmão? Saudade de abraçar a família, os amigos e um bem querer. Saudade das belezas do Subúrbio, saudade de viver!

Quarentenar é ter saudade do que não se sabe quando vai viver de novo. Se duvidar, o sentimento “saudade” apareceu em os quase 150 depoimentos coletados pelo CORREIO esta semana. Perguntamos a leitores, artistas, blogueiros e gente anônima a mesma coisa que 100% das pessoas já se perguntaram em algum momento nessa quarentena. Qual a primeira coisa a se fazer depois do isolamento?

Confira mais depoimentos no Instagram do CORREIO

O arquiteto Tiago Dantas, 28 anos, propõe logo uns dois finais de semana completos, com direito a cravinho no Pelô e noitada na Borracharia .

“Rapaz, eu quero ver minha cidade. Eita, Jesus! O Cristo, o Farol, o Porto, o Carmo. Chegar no Pelourinho, tomar dois litros de cravinho e perguntar pro guarda onde é a Tereza Batista e onde é a Pedro Arcanjo, que eu sempre me atrapalho. E o Rio Vermelho? Vou chegar na quinta-feira de manhã no Buracão e depois emendar com Dinha e Borracharia”, avisa.

E as JBLs (caixas de som) tocando ao mesmo tempo no Porto da Barra? Muita gente nem lembra que ali às vezes não tem sequer lugar para sentar na areia. Impressionante a quantidade de pessoas que sonham em ir pro Porto após a quarentena. Vai faltar espaço, mas naquele trecho de praia sempre cabe mais um. “Vou descer pro Porto com todos os meus amigos e seguidores, cada um com seu cooller. Só saio de lá se ACM Neto aparecer pra me tirar”, anuncia Kêu Salvador (@keusalvador), que tem 18 mil seguidores no Instagram.

No meio disso aí, um acarajezinho não faz mal a ninguém. Aliás, a abstinência da iguaria e o óleo mágico que corre em nossas veias tem tirado o sono de muitos. “Tudo que eu quero é bater um acarajé com pimenta no Rio Vermelho e fazer meu chá revelação porque tô prenha”, diz a atriz e escritora Maíra Azevêdo, a Tia Má.

“Só sei que depois desse isolamento eu vou ter overdose de dendê”, avisou no Instagram o escritor Gabriel Galo, como se o azeite tivesse um sabor especial se consumido junto com outras pessoas, fora da quarentena. E tem! E quando o tira-gosto é no seu cantinho preferido? “Pra comemorar vou ali no Cheiro de Maria, aqui no São João do Cabrito pra comer um camarão no alho e óleo e um bolinho de queijo”, disse o líder comunitário Sandro Oliveira.

Reveja alguns dos locais e situações citados:

Praia do Porto lotada no final de 2019

Praia do Porto lotada no final de 2019 (Betto Jr/ARQUIVO CORREIO)

No Instagram, alguém criou o perfil @quandoacabareuvou, em que sugere diversas atividades para se realizar quando todos estiverem livres, leves e soltos. “Abrir uma roda do Baiana System”, “bater perna até dizer ‘chega’”, “distribuir beijos na testa” e “fazer uma tatuagem” estão entre elas. Mas “dormir de conchinha” e “sentir suas pernas nas minhas” também estão. É que tem uma galera na seca por aí. “Eu vou transar tanto, mas tanto, que o KY vai ser meu novo álcool gel de bolso”, nos escreveu a leitora Raimara de Carvalho. “Tomar um banho de mar no Porto e depois ir direto pra casa do boy que eu gosto porque ele mora perto”, diz, ávida pelo encontro, a jornalista Jaqueline Assemany.

Veja o que diz Roberta Magalhães, do @baianes_oficial

Os artistas têm os desejos mais diversos. A maioria tá com saudade dos fãs e das famílias. Compadre Whashington quer fazer um churrascão. Wadinho do Chiclete quer reunir todos os chicleteiros do mundo em um só show. No Wet não vai caber! Léo Santana não quer conta com show logo de cara. “Vou visitar minha comunidade em Boa Vista do Lobato, matar a saudade dos meus amigos, queimar uma carne de leve e tomar uma cervejinha que ninguém é de ferro”. Denny Denan diz que a primeira coisa a se fazer é a barba, além de visitar os amigos e familiares. Se tiver liberado fazer um Carnaval ele diz que faz também. É como tudo costuma acabar nessa terra!

Veja o que diz Jackson Pinheiro, 52 anos, leitor do CORREIO

Confira os principais desejos

“Tudo que eu quero é bater um acarajé com pimenta no Rio Vermelho e fazer meu chá revelação porque tô prenha”, Maíra Azevêdo, a Tia Má, escritora e atriz

“No primeiro dia, eu vou sair de porta em porta sem hora pra voltar pra casa. Vou na casa de cada amigo que eu gosto. Vou no mercado, na farmácia, na academia, na Kopenhaguen, vou em tudo quanto é canto. No segundo dia, vou promover a festa do parafuso, já que eu tô com oito parafusos no corpo. Vou convidar todos os parafusados e desparafusados para uma enorme confraternização parafusal. Comida e bebida a vontade. Vai ser um escarsessel!”, Fernando Guerreiro, diretor de teatro

“Quando acabar essa quarentena, muita gente vai precisar de ajuda psicológica e de riso. Por isso, vou para o palco fazer a minha peça Help: a Comédia da Auto Ajuda, no Teatro Eva Herz e o espetáculo Cinco Segundo, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves”, Alan Miranda, humorista

“Vou descer pro Porto com todos os meus amigos e seguidores, cada um com seu cooller. Só saio de lá se ACM Neto aparecer pra me tirar”, Kêu Salvador, blogueiro

“Eu sou muito afetuoso, bicho! Quero reunir minha galera pra a gente tomar uma cerva bem gelada, com direito a carne de sol acebolada, batata frita e salada ao vinagrete. Oxe! Posso nem pensar que dá água na boca! Posso fazer isso sozinho em casa? Posso! Mas preciso da resenha, do abraço”, Ítalo Araújo, ator e jornalista

“Vou ter uma overdose de dendê”, Gabriel Galo, escritor

“Acho que devemos sair à cidade, perceber seus detalhes, seus movimentos, rever as pessoas conhecidas, conversar com as estranhas, acolher os sorrisos”, Jackson Pinheiro dos Santos, 52 anos, leitor do CORREIO

“Eu vou transar tanto, mas tanto, que vai faltar Hipoglós nas farmácias e o KY vai ser meu novo álcool gel de bolso”, Raimara de Carvalho, leitora do CORREIO

“Trabalhar”, Whashington da França Silva, leitor do CORREIO

“Vou pra Borracharia dançar como uma louca, tomar meu gin, quicar como se não houvesse amanhã. Quando Maloca (folclórico segurança da casa) tentasse expulsar eu botava ele pra dançar também”, Márcia Colombini, 41 anos, corretora de seguros

“Quero ver meus 10 filhos, meus 23 netos e meus 18 bisnetos e voltar para o grupo Razão de Viver, para rever minhas colegas, minha professora Fátima e fazer minhas atividades de dominó, dança e ginástica”, Alaíde Alves da Silva, leitora do CORREIO

“Pretendo abraçar, beijar e abençoar meus filhos, noras, netos e bisnetos. Tenho 97 anos, farei 98 no dia 22 maio, estou longe de quase todos os meus”,Gersonita Leal de Almeida, leitora do CORREIO

“Quero ir pra praia com os amigos, comer um rodízio de japonês ou de pizza e voltar a malhar. Mas quero também passar a encontrar mais a expressão do sentimento verdadeiro, a expressão do afeto e a expressão do amor em mim e nas pessoas”, Diego Santana, 33 anos, psicólogo

“Eu vou procurar me aproximar mais dos meus familiares e amigos. Todo esse acontecimento me fez ver o quanto eles são importantes”, Isaque Nascimento de Andrade, leitor do CORREIO

“Com toda certeza primeiramente eu irei no altar da igreja que eu frequento agradecer a Deus pela humanidade ter superado esse vírus. Em seguida irei na praia dar um delicioso mergulho ao pôr do sol para recarregar as baterias”, Alexsandra Bispo de Souza, leitora do CORREIO

“Sair de casa e tomar uma cerveja bem gelada em um bar”, Carlos Eugênio Ayres, leitor do CORREIO

“Continuar em casa por mais um tempo! Vai que foi alarme falso?”, Thais Montenegro, leitora do CORREIO

E os artistas?

Durval Lellys: “A primeira coisa que eu vou fazer com certeza é um grande show para meus fãs. Que saudade daquele calor humano, daquele contato de ver vocês sorrindo, se beijando, se abraçando”.

Ricardo Chaves: “Eu vou querer marcar logo um encontro com meus amigos numa roda de bar, comendo um bom acarajé, tomando uma que era uma tradição que a gente sempre tinha antes desse pesadelo todo começar”.

Alinne Rosa: “Eu tenho tanta coisa planejada aqui. Primeiramente eu quero correr para encontrar meus amigos, minha família, abraçar minha mãe que estou mais de um mês sem vê-la e dar aqueles abraços bem apertados”.

Carla Visi: “Quero abraçar as pessoas que eu amo. Se estivesse em Salvador com certeza encontraria os amigos e familiares. Como estou em Lisboa que abraçar todos meu amigos essa família que escolhemos pelo coração”.

Compadre Washington: “A primeira coisa que vou fazer é ver minha mãe dar um abraço em minha mãe e depois ver minha família, meus filhos, meus netos, depois fazer um churrasco, depois ir pro salão.E segurar o Tchan”.

Sarajane: “Vou visitar minha cidade, andar pelas ruas, olhar o mar ir na suburbana em Itacaranha comer aquela feijoada, sair por ai comer caranguejo, eu vou sorrir olhar a gente bonita da minha terra”.

Carla Cristina: “Primeira coisa que vou fazer é tomar um banho de mar na Baia de Todos os Santos, rever os meus amigos que estou morrendo de saudade e depois comer aquele acarajé no Rio Vermelho que é de lei”.

Léo Santana: “Vou visitar minha comunidade em Boa Vista do Lobato, matar a saudade dos meus amigos, queimar uma carne, um churrasquinho de leve e uma cervejinha bem gelada que ninguém é de ferro.”

Felipe Pezzoni (Banda Eva): “Vou sair abraçando todo mundo que estou sentindo muita falta do carinho do abraço, do contato. Vou querer também fazer um show porque estou com muita saudade dos palcos e do que eu mais amo fazer que é cantar”.

Ju Moraes: “Quando tudo isso acabar vou juntar todos os meu amigos, a minha família e vou fazer uma grande festa na Colaboraê, um show com tudo que a gente tem direito, juntar um monte de gente boa, de amigos que eu amo”.

Rafa e Pipo: “Quando tudo isso tiver passado, queremos encontrar nossos amigos, dar aquele abraço em quem a gente gosta, e sentimos falta de estar em cima do palco para levar alegria para vocês novamente”.

Dan Miranda (Ara Ketu): “Tenho algumas coisa que quero fazer. Primeiro dar um abraço em meus pais, minha irmã, meu irmão dar um abraço em meus sobrinhos, minha cunhada e voltar para os palcos.Estou sentindo muita falta do publico”.

Denny Denan: “Por mim eu faria um Carnaval , mas como ainda não dá a primeira coisa que vou fazer é tirar a barba e depois vou na casa de todos os meu amigos e de minha família e dar aquele abraço caloroso”.

Xanddy (Hamonia do Samba): “Primeira coisa que vou fazer é reunir toda a família, todo mundo como a gente faz de vez em quando uma farra boa e fazer um churrascão em casa. A segunda coisa é ir numa praia. Estou desejando um banho de mar de preferência Guarajuba que a gente ama”.

Wadinho (Chiclete com Banana): “Minha maior vontade era poder reunir todos os chicleteiros do mundo inteiro”.

E tem mais:

“Vou chamar meus amigos, meus parceiros fazer um lindo trabalho social na minha comunidade, depois vou ali no Cheiro de Maré, aqui no São João do Cabrito, comer camarão no alho e óleo, batata frita e um refrigerante bem gelado”, Sandro Oliveira, líder da Comunidade de Plataforma e São João do Cabrito

“Com certeza vou marcar presença na Praia de Stela Mares, tomar uma água de coco, comer um caranguejo, uma moqueca de camarão. Eita que saudade de chegar nessa prainha e tomar aquela cerveja gelada”, Rafael Souza, do Info Stela Mares

“Depois dessa quarentena, vou reunir a família, reunir alguns amigos, marcar um bom churrasco, marcar uma boa praia e com certeza em breve meter o pé na estrada”, Olavo Natividade, lider do Natividades de Itapoã

“Quando essa quarentena passar, vamos matar a saudade, comemorar com uma grande feijoada beneficente e você é o nosso convidado”, Teca Lima, gestora do Nac Bahia (Núcleo de Apoio Comunitário)

“Vou reunir toda a minha equipe, atualizar o nosso planejamento estratégico, o nosso cronograma para voltarmos a atender as nossas crianças e adolescentes do bairro”, Jailson Santos, Associação MUS – Brasil da Boca do Rio.

Fonte: Correio

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