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A automação com inteligência artificial (IA) promete tornar os processos das grandes empresas mais rápidos, econômicos e eficientes. Mas, ao contrário das promessas de soluções “plug-and-play”, a realidade é bem mais complexa. Em vez de sistemas que funcionam sozinhos de forma simples, o que se encontra são processos cheios de exceções, regras não documentadas, departamentos que não se comunicam bem e tecnologias antigas que ainda estão em uso. Automatizar, nesse cenário, não é só apertar um botão, é como fazer uma reforma profunda em uma casa antiga, cheia de improvisos, combinados informais e resistência a mudanças. Para aproveitar de verdade os benefícios da IA, as empresas precisam encarar essa bagunça e tratar a automação como parte de um processo maior de amadurecimento organizacional.
A visão de que ferramentas de RPA (Robotic Process Automation) ou IA generativa podem ser aplicadas sobre processos mal resolvidos e ainda gerar valor é ilusória. Em 2022, um estudo da McKinsey revelou que as empresas que incorporaram IA em seus processos relataram um aumento de produtividade de até 40%, com 70% dos líderes afirmando que a IA é uma prioridade estratégica. A maior barreira não é técnica, mas política e estrutural: donos de processos resistem a ceder controle, exceções viram regra por conveniência, e estruturas sobrevivem porque ninguém ousa questionar decisões antigas.
Automação exige engenharia de processos
O uso sério de IA em escala empresarial exige uma mudança de postura. É preciso parar de tratar automação como iniciativa isolada e começar a encará-la como projeto organizacional de maturidade. Só assim se colhe os verdadeiros frutos: previsibilidade, escala e ganho operacional sustentável. Essa transformação passa, inevitavelmente, por engenharia de processos. Por um mergulho nos fluxos reais (não nos fluxogramas bonitos), entendendo gargalos, pontos de fricção e os famosos “isso sempre foi assim”. Nenhuma IA resolve o caos. Ela apenas o acelera.
A solução está em tratar a automação como uma transformação organizacional, não como um projeto de TI. Isso envolve engenharia de processos: mapear fluxos reais, eliminar exceções desnecessárias e investir em governança de dados. Ferramentas de IA podem ajudar, analisando padrões e sugerindo otimizações em tempo real, mas apenas se os processos forem caros. De acordo com a edição mais recente do relatório anual “The Future of Jobs”, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, a expectativa é que cerca de 75% das empresas adotem a inteligência artificial até 2027. Além disso, metade dessas organizações acreditam que a tecnologia será um fator decisivo para a criação de novas vagas de trabalho.
Transformação é cultura, não tecnologia
A automação com IA em grandes empresas é uma jornada de coragem e disciplina, não uma solução mágica. O sucesso depende de reestruturar processos, conectar silos e enfrentar resistências culturais, enquanto falhas, como as de bancos e varejistas, revelam os custos da superficialidade. Em 2025, a vantagem competitiva pertencerá às empresas que tratarem a automação como um projeto de maturidade organizacional, investindo em governança, capacitação e engenharia de processos. Os desafios, custos, dados inconsistentes, legados, são reais, mas superáveis com estratégia e compromisso.
A IA pode ser um catalisador poderoso, mas, sem uma base sólida, apenas amplificará o caos. Cabe às lideranças decidir: transformar a complexidade em oportunidade ou perpetuar a ineficiência com uma nova camada de tecnologia. O futuro da automação é agora, e exige mais do que bots, exige visão.
Fonte: E-Commerce Brasil