Explosão durante operação israelense na Cidade de Gaza • 28/8/2025 REUTERS/Dawoud Abu Alkas
É improvável que o Hamas aceite a proposta de cessar-fogo do governo Trump para a Faixa de Gaza sem mudanças, disseram diplomatas à CNN.
Barbara Leaf, que atuou como a principal autoridade do Departamento de Estado americano para assuntos do Oriente Médio durante o governo de Joe Biden, disse que é improvável que o grupo diga sim “incondicionalmente” ao plano de 20 pontos, publicado pela Casa Branca na segunda-feira.
O Hamas “tentará contornar as questões relacionadas ao desarmamento, bem como a obrigação inicial de entregar todos os reféns e os restos mortais”, disse Leaf, ex-diplomata de carreira.
“Eles estão determinados a não entregar suas armas sob nenhuma condição”, explicou ela. “E continuam a resistir à ideia do que chamam de outra força de ocupação, que seria a força de segurança internacional, seja de Estados árabes ou muçulmanos.”
Eles não vão querer entregar todos os reféns de uma só vez, porque os usaram “como cartas de baralho e estão bastante relutantes em entregá-las”, disse Leaf, que também serviu como embaixadora dos EUA nos Emirados Árabes Unidos.
O Hamas provavelmente também não tem controle sobre todos os reféns vivos e os restos mortais, disse ela, “o que não significa que eles não possam eventualmente encontrar e recuperar todos os reféns vivos”, mas “pode ser muito mais difícil encontrar todos os restos mortais”.
Ainda há uma divisão entre a liderança política do Hamas em Doha e seu braço militar entrincheirado em Gaza, disse ela, observando que é mais difícil pressionar este último.
“Sempre foi excepcionalmente difícil exercer pressão real sobre o Hamas como um todo, por causa dessa bifurcação, aqueles que estão na clandestinidade de Gaza… sobre os quais eles sentem que têm uma vantagem em relação aos de fora, que, talvez, nessas circunstâncias, poderiam ser pressionados a concordar com esses termos”, explicou.
“Se eles concordarem externamente, mas não conseguirem que o veto seja retirado internamente, será um dilema para todos.”
Ainda assim, Leaf acredita que há espaço para negociações sobre o acordo, que carece de uma série de detalhes específicos que poderiam levar o Hamas a aceitá-lo.
“Pode-se chamar de algo diferente de negociação. Pode-se chamar de refinamentos, esclarecimentos. Há muitos e muitos termos diplomáticos que podem ser usados para refinar os termos”, explicou ela.
“E, de fato, foi isso que o primeiro-ministro Netanyahu fez ao longo da semana passada e no fim de semana — obter detalhes operacionais mais claros em alguns pontos e, em outros, obscurecer esses detalhes operacionais.”
Leaf observou que há “uma enorme pressão crescente de todos os lados sobre o Hamas para que ele não seja o obstáculo ao fim da guerra”.
Outro diplomata disse que eles preveem que o Hamas provavelmente responderá positivamente, mas buscará emendas à proposta.
Não está claro se Trump está disposto a dar tempo para novas negociações ou mudanças na proposta.
O enviado especial Steve Witkoff chamou de volta a equipe de negociação dos EUA de Doha em julho, depois que o Hamas respondeu com uma contraproposta que, segundo a autoridade americana, demonstrava “falta de desejo de chegar a um cessar-fogo em Gaza”.
Fonte: CNN Brasil