Sem Israel nem Hamas, líderes mundiais assinam acordo de cessar-fogo em Gaza; ‘Conseguimos fazer o impossível’, diz Trump

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Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assina junto com outros líderes mundiais acordo de cessar-fogo em Gaza durante cúpula no Egito em 13 de outubro de 2025. — Foto: REUTERS/Suzanne Plunkett/Pool

Líderes de diversos países do mundo assinaram nesta segunda-feira (13) no Egito um acordo para oficializar o cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza. Os dois lados do conflito, Israel e o grupo terrorista Hamas, no entanto, não estiveram presentes.

A assinatura ocorreu em uma cúpula de paz em Gaza na cidade egípcia de Sharm El-Sheik. O documento foi assinado por Trump e os líderes do Egito, o presidente Abdul al-Sisi, da Turquia, o presidente Recep Erdogan, e do Catar, o emir Tamim bin Hamad Al Thani —essas nações atuaram como mediadoras das tratativas de paz entre Israel e Hamas.

No encontro no Egito, os líderes discutirão os próximos passos do acordo de paz em Gaza, cuja primeira fase já havia sido assinado por negociadores israelenses e do Hamas na semana passada.

A cúpula selou o acordo do cessar-fogo sugerido por Donald Trump e acordado entre negociadores de Israel e Hamas, e ocorre horas após o grupo terrorista ter libertado os 20 últimos reféns israelenses que ainda estavam sob seu poder em Gaza. O encontro tem como objetivo também negociar uma segunda etapa de implementação do plano de Trump. (Leia mais abaixo)

“Juntos, conseguimos fazer o que todos disseram que era impossível. As pessoas não acreditariam que conseguiríamos a paz no Oriente Médio (…) Agora, a reconstrução [de Gaza] começa”, afirmou Trump.

Mais de 20 líderes mundiais se reunirão nessa cúpula de paz no Egito. Entre eles, estão:

  • o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump;
  • o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani;
  • o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan;
  • o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas;
  • o presidente do Egito, Abdul Fatah Al Sisi;
  • a premiê da Itália, Giorgia Meloni;
  • o premiê do Reino Unido, Keir Starmer;
  • o presidente da França, Emmanuel Macron.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi convidado para a cúpula, mas negou o convite, alegando que a reunião ocorre em um feriado judaico.

A cúpula de paz em Gaza, como está sendo chamada a reunião, tem como objetivo conduzir uma segunda etapa de negociações do plano de Trump: selar o fim da guerra, criar elementos para paz duradoura no Oriente Médio e estabelecer um conselho que irá supervisionar Gaza neste primeiro momento do pós-guerra.

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e presidente do Egito, Abdul al-Sisi, assinam junto com outros líderes mundiais acordo de cessar-fogo em Gaza em 13 de outubro de 2025. — Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e presidente do Egito, Abdul al-Sisi, assinam junto com outros líderes mundiais acordo de cessar-fogo em Gaza em 13 de outubro de 2025. — Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein

Ainda não se sabe, até a última atualização desta reportagem, como esse conselho supervisor de Gaza irá funcionar. Alguns detalhes do plano de Trump ainda estão vagos e contém assuntos delicados e de forte desavença entre Israel e Hamas, como por exemplo o desarmamento do grupo terrorista.

O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, havia confirmado nesta segunda-feira que iria ao encontro, porém minutos depois seu gabinete disse que ele não irá mais, e deu como justificativa a proximidade com um feriado judaico.

Antes da cúpula, Trump disse que “a era do terror” no Oriente Médio acabou em discurso no Parlamento israelense. O presidente americano foi ovacionado pelos presentes. Netanyahu, em discurso antes de Trump, disse estar comprometido com a paz.

O que aconteceu até agora:

  • Havia 48 reféns sob poder do Hamas na Faixa de Gaza. Desses, 20 foram libertados com vida. Israel diz que os demais 28 reféns estão mortos, mas dois deles ainda têm a situação oficialmente desconhecida.
  • No total, o Hamas sequestrou 251 pessoas no ataque terrorista de 7 de outubro de 2023. Outros reféns foram libertados ao longo de outros acordos de cessar-fogo.
  • Como contrapartida, o governo israelense começou a libertar cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo 250 que haviam sido condenados à prisão perpétua por crimes cometidos contra Israel e sua população.
  • Os prisioneiros libertados por Israel embarcaram em ônibus da Cruz Vermelha para serem enviados para Gaza, Cisjordânia e outros países.

Reféns libertados

Os 20 reféns israelenses vivos que ainda estavam sob poder do grupo terrorista Hamas foram libertados após mais de dois anos de cativeiro, na madrugada desta segunda-feira (13). A operação faz parte de um acordo de cessar-fogo assinado entre Israel e o Hamas.

O presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, discursou no Parlamento israelense nesta segunda. Ele afirmou que é “um dia histórico, o fim de uma era de mortes e terror”. O acordo de cessar-fogo foi proposto pelo republicano.

“Este é um dia histórico para o Oriente Médio e um triunfo incrível para Israel e para o mundo. Os Estados Unidos se unem a vocês nesses dois votos eternos — nunca esquecer e nunca mais repetir. (…) Contra todas as probabilidades, fizemos o impossível e trouxemos nossos reféns de volta para casa”, afirmou Trump.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também discursou e disse o Oriente Médio entra em “tempos de paz”.

Reféns que serão libertados pelo Hamas — Foto: Divulgação

Reféns que serão libertados pelo Hamas — Foto: Divulgação

Na quarta-feira (8), Israel e o Hamas anunciaram um plano de paz para interromper a guerra na Faixa de Gaza. Pelo acordo, o grupo se comprometeu a libertar todos os reféns vivos e a devolver os restos mortais das vítimas que morreram.

O Hamas tinha até as 6h desta segunda-feira, pelo horário de Brasília, para concluir a libertação. O grupo pediu mais tempo para localizar todos os corpos dos reféns mortos.

Ainda não há prazo para que todos os corpos sejam devolvidos. A Turquia anunciou uma força-tarefa para ajudar o Hamas a encontrar os restos mortais das vítimas na Faixa de Gaza.

O acordo

O plano de paz entre Israel e Hamas foi apresentado no fim de setembro por Donald Trump e negociado com a mediação de Egito, Catar e Turquia. Veja alguns pontos a seguir.

Reféns: o Hamas mantinha 48 dos 251 sequestrados no ataque terrorista em 2023. As demais vítimas foram libertas durante a vigência de outros dois acordos de cessar-fogo ou por meio de operações militares israelenses.

Ataques em Gaza: o plano prevê o fim dos bombardeios na Faixa de Gaza e o recuo das tropas israelenses.

  • O plano divulgado pela Casa Branca no fim de setembro prevê uma retirada gradual das tropas do território palestino.
  • Logo após o anúncio do cessar-fogo, as forças israelenses recuaram para uma linha acordada com o Hamas.
  • Com isso, Israel diminuiu a área de ocupação em Gaza de 75% para 53%.
  • O chefe do Estado-Maior de Israel instruiu as tropas a se prepararem para todos os cenários e para a operação de retorno dos reféns.
Infográfico mostra recuo das tropas de Israel em Gaza. — Foto: Arte/g1

Infográfico mostra recuo das tropas de Israel em Gaza. — Foto: Arte/g1 O que falta esclarecer: Apesar do início do cessar-fogo, vários detalhes do plano de paz ainda não foram divulgados.

  • Segundo o presidente Trump, outras fases do acordo estão em negociação. Ainda não se sabe como serão as próximas etapas.
  • Também não está claro como será a transição de governo na Faixa de Gaza, proposta pela Casa Branca.
  • Além disso, não há confirmação de que o Hamas tenha se comprometido a entregar suas armas. O grupo terrorista tem indicado que não concorda com a ideia.
  • O Hamas disse também que não vai acertar uma tutela estrangeira na governança de Gaza, algo previsto no plano dos Estados Unidos.

Uma cerimônia para oficializar a assinatura do acordo será feita nesta segunda-feira, no Egito. Trump e outras 20 lideranças internacionais devem participar do evento.

Fonte: G1 Mundo

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