Foto: Atualmente, o viajante precisa pagar apenas uma taxa no valor de US$185, referente ao formulário D-160, obrigatório para todos os tipos de visto. (divulgação)
*Por Pâmela Moraes*
Anunciada pelo site oficial do Departamento de Estados dos EUA, em 25 de julho, a proposta inclui alteração no processo para solicitantes menores de 14 e maiores de 79 anos, que passariam a ser obrigados a fazer a entrevista presencialmente – atualmente, esse público não precisa passar, necessariamente, pelo procedimento. Ainda de acordo com o governo, a nova regra seria válida para cidadãos de todos os países que precisam de visto para entrar nos EUA, incluindo os brasileiros.
Inicialmente, essas mudanças foram anunciadas para entrarem em vigor a partir de 2 de setembro de 2025. No entanto, até o momento, não há confirmação pública de que os consulados americanos no Brasil estejam aplicando essas regras na prática. O fato é que, caso essas novas regras realmente entrem em vigor, o mercado brasileiro de intercâmbios pode sofrer impactos importantes, especialmente o aumento de custos para os estudantes. Isso porque, além da obrigatoriedade de entrevistas presenciais, há também um aumento no novo valor do visto e taxas adicionais, tornando os intercâmbios mais caros.
Atualmente, o viajante precisa pagar apenas uma taxa no valor de US$185, referente ao formulário D-160, obrigatório para todos os tipos de visto. Com as novas taxas, que vieram a partir do mega pacote orçamentário “One Big Beautiful Bill”, lançado por Donald Trump em julho, ela deve chegar a US$459, alta de 148%. Ainda, o aumento mais expressivo será da nova Taxa de Integridade do Visto, ou Visa Integrity Fee, que custará US$250.
Ainda sobre os impactos no mercado brasileiro de intercâmbios, a burocracia para obter o visto também é um ponto de atenção. Entrevistas obrigatórias e verificações adicionais por parte dos órgãos americanos devem atrasar processos e demandar mais preparo documental, ou seja, os estudantes podem adiar planos ou optar por outros países. Vale reforçar que, de acordo com a pesquisa Selo Belta 2025, os Estados Unidos foi a segunda principal escolha de destino entre os brasileiros no último ano, perdendo apenas para o Canadá. Outros países que apareceram no ranking da associação foram Reino Unido, Irlanda e Austrália.
Consequentemente, a redução da demanda, desistência e migração para destinos alternativos é outro impacto que não afeta somente os estudantes, mas a própria economia do país. Isso porque, com o processo mais rigoroso e caro, estudantes brasileiros podem desistir de programas de intercâmbio se perceberem riscos de reprovação ou caso não consigam se adequar às exigências em tempo hábil. Com isso, devem buscar países com processos de visto mais simples ou menos oneroso.
Vale ressaltar, no entanto, que apesar dessa obrigatoriedade, existem alguns grupos que podem permanecer elegíveis para isenções de entrevistas de visto, como titulares de vistos diplomáticos e oficiais (categorias de visto como A-1, A-2, C-3, G-1 a G-4, NATO-1 a NATO-6 e TECRO E-1); algumas renovações de visto B-1/B-2 ou cartão de travessia de fronteira para cidadãos mexicanos; entre outras categorias.
Por fim, diante dessas novas regras, o mercado brasileiro de intercâmbios se vê diante de um cenário desafiador, mas também de adaptação. Isso porque o aumento de custos e a obrigatoriedade de entrevistas tendem a frear parte da demanda imediata, especialmente de famílias mais sensíveis ao preço e de estudantes que buscam agilidade no processo.
Por outro lado, esse movimento pode impulsionar o mercado de intercâmbio para outros destinos, com países que oferecem processos mais acessíveis e menos burocráticos, como por exemplo Malta, África do Sul e Dubai, que vêm se consolidando como excelentes alternativas aos destinos tradicionais. Malta atrai por unir ensino de qualidade, clima agradável e custo de vida mais baixo, sem necessidade de visto para estadias curtas. Já a África do Sul oferece ótimo custo-benefício, visto simples e imersão cultural em um país de língua inglesa, por exemplo.
Essas alternativas reforçam a ideia de que o intercâmbio vai muito além dos destinos mais conhecidos, ampliando horizontes e democratizando o acesso à educação internacional, o que ajuda a reposicionar o Brasil no mapa global da educação. Aguardemos os próximos passos.
*Pâmela Moraes é Co-fundadora e Especialista de Intercâmbio e Viagens da Fluencypass. Com quase 10 anos de experiência em marketing, vendas e educação internacional. Possui MBA em Gestão 4.0 e é apaixonada por ajudar estudantes a transformar suas vidas através da educação global.
Fonte: Diário do Turismo







