Black Friday expõe a verdadeira maturidade digital das empresas brasileiras

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Imagem: Freepik.

Black Friday se tornou, há alguns anos, mais do que um evento de consumo, virou o maior teste de estresse da infraestrutura digital das empresas brasileiras. Em poucas semanas, o volume de acessos, transações e dados trafegando em rede se multiplica e, junto com ele, o número de tentativas de fraude, invasões e vazamentos. O que muitos tratam como um fenômeno comercial é, na verdade, um espelho do nível de maturidade cibernética do país.

Os números de incidentes que surgem nesse período não são apenas um reflexo de oportunismo criminoso, são o resultado direto de arquiteturas frágeis, políticas de segurança incompletas e uma visão ainda reativa sobre proteção digital. As empresas testam campanhas, servidores e estratégias de marketing, mas raramente testam sua capacidade de resposta a um ataque coordenado. Quando o tráfego explode, o sistema mostra sua verdadeira face, e muitas vezes ela não é resiliente.

A segurança como cultura, não como departamento

O aumento de golpes de phishing, campanhas falsas e acessos indevidos é previsível. Mesmo assim, todos os anos, equipes de TI são pegas de surpresa. Isso mostra que a segurança ainda é tratada como um departamento, e não como uma cultura. Organizações maduras são aquelas que entendem que cibersegurança não é uma ferramenta, mas uma área que conecta tecnologia, processos e pessoas. Sem uma política clara de identidade e acesso, o chamado modelo Zero Trust, qualquer sistema se torna vulnerável.

Zero Trust não é uma moda, é uma resposta a um ambiente digital sem fronteiras. Em um cenário em que colaboradores trabalham de diferentes locais e dispositivos, além de aplicações estarem dispersas entre nuvens e data centers, confiar em perímetros fixos é perigoso. A proteção precisa ser por identidade, contexto e comportamento, com autenticação multifatorial e monitoramento contínuo. É o único modo de impedir que o invasor use a própria credencial de um funcionário como chave de entrada.

O impacto real de falhas e a importância da maturidade

Outro ponto que a Black Friday evidencia é a distância entre as áreas de segurança e o restante do negócio. Quando a cibersegurança é tratada como obstáculo operacional, ela perde força política dentro da empresa. A consequência é que decisões críticas de infraestrutura são tomadas sem a presença de quem entende de risco. A maturidade digital passa por derrubar essas barreiras internas – segurança e negócio não são opostos, são interdependentes.

Essa integração é especialmente relevante porque o impacto de um incidente hoje vai muito além da indisponibilidade de uma página ou serviço. Vazamentos de dados, interrupções de serviço e fraudes financeiras geram prejuízos reputacionais, regulatórios e de confiança. A confiança, aliás, virou o novo ativo digital. Uma empresa que falha em proteger seus clientes e parceiros perde não apenas receita, mas credibilidade e, em um mundo conectado, credibilidade é difícil de reconstruir.

A Black Friday como termômetro anual de preparação

Há um aprendizado valioso nesse ciclo anual de ataques, em que segurança não se improvisa em novembro, ela se constrói ao longo do ano, com políticas bem definidas, revisões constantes, testes de invasão simulados e capacitação de usuários. O elo humano continua sendo o mais vulnerável e o menos treinado, não há tecnologia que resista a um clique mal orientado.

A Black Friday, no fim das contas, é uma oportunidade de diagnóstico coletivo. Ela escancara as brechas que a rotina esconde e separa as empresas que veem a segurança como custo daquelas que a tratam como valor estratégico. O período de maior consumo é também o de maior exposição, e quem sobrevive com estabilidade e confiança sai dele não apenas com bons resultados comerciais, mas com algo ainda mais importante, que é a prova de maturidade digital.

Fonte: E-Commerce Brasil

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