A Globo anunciou nesta terça-feira (15) o fim do contrato com o ator José Mayer. “Depois de mais de 35 anos de uma trajetória iniciada na novela Guerra dos Sexos, em 1983, com participação em mais de 40 obras, entre novelas, séries, minisséries e especiais, a Globo e o ator José Mayer informam o fim da parceria, de comum acordo, no final de 2018”, disse a emissora em comunicado.
Mayer estava afastado das produções do canal desde 2017, quando, ao final de A Lei do Amor, novela das nove no qual era um dos protagonistas, foi acusado de assédio sexual por uma figurinista da Globo, Su Tonani. A princípio, o ator negou, mas depois admitiu o assédio e pediu desculpas. A figurinista decidiu não levar o caso adiante e a polícia do Rio de Janeiro encerrou as apurações.
A figurinista Su Tonani, que relatou assédio sofrido nos bastidores da Globo por José Mayer (Foto: Reprodução) |
Em 2018, Mayer passou cerca de um mês internado para tratar Granulomatose de Wegener, uma doença autoimune que causa inflamação dos vasos sanguíneos do nariz, seios da face, garganta, pulmões e rins.
Na última semana, o nome do ator voltou a ser notícia depois que Aguinaldo Silva, autor de O Sétimo Guardião, que atualmente ocupa a faixa das nove da mesma emissora, pediu sua volta às produções. “Não há crime se não há queixa à polícia nem denúncia na Justiça, por isso… Volta, José Mayer!”, escreveu o autor em seu perfil no Twitter.
Mais sobre o caso
Em fevereiro de 2017, dentro de um camarim dos Estúdios Globo e na frente de duas camareiras, Mayer teria colocado a mão esquerda na genitália de Susllem, que decidiu denunciar a agressão à emissora. Com o fim de seu contrato para trabalhar na produção de A Lei do Amor, Susllem levou seu drama à imprensa.
Sensibilizadas pela situação que a figurinista enfrentou, funcionárias e atrizes da Globo fizeram um protesto na emissora, vestindo uma camiseta com a frase “Mexeu com uma, mexeu com todas”, e com a hashtag #chegadeassédio. Atrizes como Alice Wegmann, Bruna Linzmeyer, Mariana Xavier e Drica Moraes se posicionaram contra o machismo de Mayer em seus perfis nas redes sociais.
(Fotos: Reprodução) |
Depois de muita pressão, Mayer admitiu que errou em carta que foi lida no Jornal Hoje de 4 de abril daquele ano. Ele pediu desculpas por sua atitude e afirmou que pretendia mudar sua forma de pensar e agir.
“Eu errei. Errei no que fiz, no que falei, e no que pensava. A atitude correta é pedir desculpas. Mas isso só não basta. É preciso um reconhecimento público que faço agora. Mesmo não tendo tido a intenção de ofender, agredir ou desrespeitar, admito que minhas brincadeiras de cunho machista ultrapassaram os limites do respeito com que devo tratar minhas colegas”, disse no início do texto.
O ator ainda declarou que recebeu educação machista e que aprendeu muito mais sobre respeito após a denúncia vir à tona do que ao longo de seus então 67 anos –hoje, ele tem 69.
“A única coisa que posso pedir a Susllem, às minhas colegas e a toda a sociedade é o entendimento deste meu movimento de mudança”, admitiu.
Apesar de abrir o jogo sobre o ocorrido, Susllem não deu continuidade à denúncia contra o ator na Justiça. Ela alegou no ano passado que foi “extremamente inibida por um delegado” logo após sua denúncia.
A atitude de José Mayer não foi perdoada pela Globo. A emissora proibiu seus autores e ditores de escalarem o ator para qualquer produção. Aguinaldo Silva tentou emplacá-lo em O Sétimo Guardião duas vezes, sem sucesso. Na primeira, queria dar a ele o papel de Olavo, que ficou com Tony Ramos. Depois, tentou escalá-lo para viver o mendigo Feliciano, que ficou com (Leopoldo Pacheco).