Marcado por polêmica na roupa, Filhos de Gandhy tem desfile dos 70 anos

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No final teve um tapete branco na avenida sim, e não amarelo. Apesar de toda a polêmica em torno da roupa dos Filhos de Gandhy para o Carnaval 2019, o primeiro dia de desfiles do bloco neste domingo (3) da Rua Chile ao Campo Grande ocorreu sem qualquer tipo de problema.

Em 2019, o afoxé Filhos de Gandhy está completando 70 anos. Para marcar a ocasião, o bloco fez uma mudança no tom das roupas, famosas por mesclarem o azul e o branco. Exceto no turbante, adicionaram um amarelo dourado ao longo de toda a roupa.

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Não teve problema, mas teve indignação com o amarelo na cor da roupa. Alguns associados mais antigos foram à avenida bem contrariados.

É uma falta de respeito à tradição dos Filhos de Gandhy. Esse amarelo pegou todo mundo de surpresa e não deram nenhuma explicação. Se soubesse, não teria nem comprado”, disse Cristiano Santana, que sai no bloco há 21 anos.

“Ano que vem estou pensando seriamente em esperar eles divulgarem primeiro a roupa para depois comprar. Nada de pagar adiantado”, completou Alessandro Conceição, que tem 22 anos de associado. Ele e o amigo, Cristiano, compraram um abadá do Inter, que teve Chiclete com Banana neste domingo porque ficaram envergonhados com o Gandhy.

Mas, segundo o artista plástico Alberto Pitta – que assina a fantasia do Gandhy – explica que o amarelo ouro é uma referência a Oxum, “uma forma de fazer os homens homenagearam as mulheres”.

A saída do bloco aconteceu por volta das 17h, da Rua Chile, no Centro Histórico, e foi pela Avenida Carlos Gomes até o Campo Grande. No caminho, um sentimento estranho, mescla de alegria por estar ali e lamentação.

São 69 anos com roupa azul e branca e agora, bem no ano que completa 70 anos, tem esse amarelo. Houve uma descaracterização de uma das nossas marcas mais importantes. Deveria ter no estatuto do bloco algo proibindo isso”, disse Gustavo Marques, que vem de Porto Alegre há seis anos para sair nos Filhos de Gandhy.

“É triste porque você paga antecipado e fica na expectativa pela roupa. Aí quando sai vem com esse amarelo. É uma pena porque existe um respeito em torno dos Filhos de Gandhy, e agora tem muita gente que passa na rua pela gente e diz que está feio”, reclamou Samuel Júnior, associado há seis anos.

Protesto?
Alguns integrantes estariam, inclusive, organizando um protesto pela mudança das cores. “Vai acontecer alguma coisa quando o Gandhy chegar à frente do Teatro Castro Alves, onde estão as emissoras de TV. Tem um pessoal se movimentando no WhatsApp, pode esperar”, disse Alessandro Conceição.

No final, o protesto foi bem pacífico. O bloco de fato saiu com atraso de uma hora, o que, segundo alguns associados, teria sido uma maneira de punir a direção. Na frente do Teatro Castro Alves, diante das TVs, os foliões mostraram cartazes contra o amarelo e vaiaram a atual diretoria do Gandhy.

(Foto: Evandro Veiga/CORREIO)

Tem explicação?
Em meio ao desfile, os foliões tentavam buscar explicação para a cor ‘intrusa’: “Acho que eles tentaram evitar a fraude colocando o amarelo. Ou então evitar que as pessoas viessem com as roupas de outros anos e entrassem na corda”, teorizou Cristiano Santana.

“Eu acho que por estar completando 70 anos eles tentaram fazer algo diferente, para marcar. Tudo bem, mas acho que poderia ter menos amarelo, sabe? Não que tenha ficado feio, mas está exagerado”, disse Chico Brasileiro, há 19 anos saindo nos Filhos de Gandhy.

No meio de tanta reclamação, no entanto, existia também quem defendesse – ou pelos menos suportasse – a novidade: “No começo eu achei feia, confesso. Mas depois que você veste fica melhor. Veio para marcar o aniversário e a gente tem que entender que 70 anos não são 70 dias”, disse Gustavo Souza, há 10 anos saindo no bloco.

O branco da paz segue no turbante, não segue? Então teremos o tapete branco de qualquer forma”, rebateu Érico Brito, há 15 anos no Gandhy. “Quem quer fazer protesto e confusão é porque está saindo pela primeira vez no bloco e está frustrado com a roupa”, completou.

No final, Érico estava certo. Com o branco no turbante, a avenida se encheu de paz. Com amarelo ou sem amarelo, contrariados ou não, a marca dos Filhos de Gandhy esteve presente de qualquer maneira no Carnaval de Salvador.

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