Nas últimas semanas, o ‘desafio da rasteira’ ou ‘desafio quebra-crânio’ ganhou os noticiários nacionais, após viralizar na internet. A ‘brincadeira’, que pode causar fraturas e até levar a vítima à morte, foi tema da conversa do médico neurologista Felipe Oliveira com os apresentadores Jefferson Beltrão e Fernando Duarte, no programa ‘Isso é Bahia’, da rádio A TARDE FM, na manhã desta terça-feira, 18.
O médico esclareceu sobre os problemas que podem ocorrer com uma vítima do ‘desafio’. Classificado por ele como ‘brincadeira de mau gosto’, a batida da cabeça no chão pode causar fraturas e lesões.
“Primeiro, concordo quando as pessoas questionam isso como brincadeira pela gravidade que vou falar agora. Isso é uma brincadeira de mau gosto. Chama de ‘desafio’, mas, para se ter uma ideia, a queda da própria altura quando a gente tropeça ou escorrega já existe o impacto, principalmente em adultos e idosos, onde isso pode ter uma repercussão maior. Mas o grande problema desse ‘desafio’ é que como existe uma rasteira, existe uma aceleração da queda. Então, não é simplesmente a queda da própria altura. É a queda da própria altura com uma velocidade a mais, em aceleração. Então, isto gera um impacto muito maior na pancada que se tem principalmente na cabeça, por isso que recebe este nome de quebra-crânio, com uma repercussão que é imensa. Desde fraturas do crânio, lesões intracranianas, sangramentos. Uma série de repercussões muito graves”, pontuou o especialista.
Para deixar mais claro quais são os riscos à saúde, o neurologista usou o exemplo quando um jogador de futebol desmaia em campo durante um jogo.
“A perda de consciência é sempre uma coisa que preocupa a gente. Exemplo disso: jogadores em campo quando desmaiam, quando tem uma pancada forte na cabeça e desmaiam. Isto sempre pode representar uma coisa mais grave. Pode ser apenas o que chamamos de concussão, que é um desmaio após a pancada, mas que não tem nenhum tipo de repercussão neurológica, mas pode ter também, como já disse, um sangramento intracraniano, uma fratura de crânio, o que é potencialmente fatal. Então é uma coisa muito grave”, explicou.
Além dos problemas que podem ser causados na cabeça, existem outros riscos para a vítima. Segundo o neurologista, é preciso chamar atenção da sociedade sobre o perigo deste ‘desafio’.
“Ainda tem impacto na coluna, que pode levar a fratura, lesão medular, fratura de ossos longos: braço, perna, que na tentativa de se apoiar durante a queda, pode também quebrar um braço ou uma perna. O impacto desse desafio, dessa brincadeira de mau gosto é muito grande. A gente tem, realmente, que chamar a atenção para todo mundo, principalmente, voltada para criança e adolescente, que acaba sendo o alvo maior desse desafio”.
Danos a longo prazo
Quem pensa que os danos são imediatos estão enganados. Para Felipe Oliveira, os danos podem vir a longo prazo e requer cuidados médicos imediatos.
“A grande questão é que muitas vezes, dependendo de onde isso aconteça, da assistência que se tem após essa pancada, pode passar como despercebido. Teve uma queda, pancada, desmaiou, achou que não era nada demais, e ao longo dos dias, um pouco mais de tempo, isto pode começar a dar sintomas. Lesões intracranianas podem não ser apenas imediatas, como de médio a longo prazo e passar despercebido. No momento que existe uma queda, com um impacto grande como desse ‘desafio’, o ideal é que se procure um emergência para avaliar a repercussão disso e o dano. Claro, nem sempre vai ser nada de grave, nem sempre vai precisar de um exame como uma tomografia ou uma ressonância, mas a avaliação é importante para dimensionar e saber se vai precisar de um acompanhamento ambulatorial, médico ou não”, apontou.