Está na cara que isso não foi troca de tiro e eles [PM] repetem a mesma coisa, direto. Fica por isso mesmo, vai para outro bairro, faz com outra família e fica por isso mesmo”, disse Sérgio Sena, pai do adolescente 17 anos que foi baleado durante uma ação da Polícia Militar, no bairro de Santa Mônica, em Salvador.
Moradores voltam a protestar após adolescente morrer em ação da PM: ‘Vidas negras na favela não importam para ninguém’
A PM alega que o jovem morreu em confronto com policiais. Familiares e amigos do rapaz negam a versão da polícia e dizem que os policiais já chegaram no bairro atirando.
O corpo de Wesley Jesus de Oliveira foi enterrado sob forte comoção, na tarde desta quarta-feira (7), no Cemitério Quinta dos Lázaros, na capital. Com muitas homenagens e pedidos de justiça, familiares e amigos fizeram uma manifestação durante a despedida. Os moradores da Santa Mônica também protestaram na manhã desta quarta e na noite de terça, horas depois do ocorrido.
“Está na cara que isso não foi troca de tiros”, diz pai de adolescente que morreu em ação da PM no bairro de Santa Mônica — Foto: Reprodução/TV Bahia
Toda a situação aconteceu na tarde de terça-feira (6). Os amigos que estavam com ele contaram que policiais chegaram em motos, já atirando. Os disparos chegaram a atingir a fachada de uma casa.
Wesley brincava de pular elástico com um grupo de amigos, quando equipes do Esquadrão Motociclistas Águia, da PM chegaram ao local. Testemunhas contam que quando os policiais entraram no bairro atirando, alguns jovens conseguiram escapar dos tiros. Wesley chegou a correr, mas acabou atingido nas costas.
O amigo de Wesley, um adolescente de 16 anos que também foi baleado, acalmou a família, na manhã desta quarta, com uma foto do braço enfaixado e a mensagem “estou bem”. Ele está internado em um hospital e não corre risco de morrer.
O capitão Fogaça, subcomandante do esquadrão Águia da PM, reiterou que houve confronto na região, mesmo com a negativa dos moradores. Segundo ele, um inquérito foi instalado para apurar a situação.
“Vamos instaurar inquérito policial militar para apurar quem fez os disparos no adolescente e o Ministério Público vai acompanhar também”, disse o capitão.